Bem Vindo/a!


Bem Vindo/a!
Tenho três coisinhas para lhe dizer:
Primeiro: Este Blog pode ter conteudo impróprio para menores de 16 anos, por isso, se não tens esta idade avança por tua própria conta e risco, eu não me responsabilizo!
Ah, e também queria pedir um favorzinho:
*Comente os textos, por favor, quer seja com criticas positivas quer seja com criticas negativas.*
E por fim, uma informaçaõ (semi) publicitária:
Mais informações? Aqui!
;*

27/04/10

Capitulo 6

Aqui está ele, prontinho ;D
Enjoy It!


-Bom Dias para todos, para começar! –anunciou ele, alto e bom som –Bem vindos à nossa Casa! Esperamos que se sintam bem-vindos, e que se dêem bem. É claro que vão haver sempre umas cabras –a visão era quase assustadora: Aquele homem velhinho, com idade para ser meu avô, a falar-nos tão abertamente como Teresa teria feito –e alguns idiotas armados em bons, algumas miúdas desavergonhadas e alguns rapazes que têm a mania –mas até que dizia coisas com sentido -, mas de qualquer forma, esta será a vossa Casa durante os próximos três anos, então habituem-se à ideia!
Ouviram-se vários risos e murmúrios de aprovação pela sala.
-Mas, neste momento, aposto que estão todos muito cansados, devido à vossa longa espera e ao período da viagem, por isso, dentro de momentos, deixar-vos-ei irem lá para cima, fazerem o que bem vos apetecer, e quero que se reúnam comigo aqui às sete!
Algumas raparigas começaram a dirigir-se rapidamente em direcção às malas, mas foram interrompidas.
-Calma… -riu-se o homem - pelo menos deixem-me falar! O Terceiro e último andar está dividido em Dois! Cada um desses lado tem dois quartos com cinco lugares, um para cinco rapazes e outro para cinco raparigas (claro que não vão ficar juntos) –neste momento olhei para a rapariga com ar de pega, que baixara a cabeça – mas para não haver discussão, já decidimos –ele e mais quantos? – quem fica onde! Acho que isto não trará problema, visto que, salvo uma excepção, ninguém se conhece.
»Quem eu disser que vai para o lado direito, deverá seguir Robert para o elevador direito, quem eu disser que deverá ir para o lado esquerdo, deverá seguir Mary para o elevador esquerdo.
Ao seu lado, estava o homem que me trouxera e uma mulher alta, de cabelos louros e fato preto.
-Cada um deles deverá ser como um “monitor” para vocês, juntamente com um parceiro do sexo oposto.
O homem pegou numa lista.
-Miss Swiss?
A rapariga rica, que também fora a primeira que eu vira, dirigiu-se a ele.
-Vai acompanhar... –percorreu a lista com o dedo, até encontrar um nome –Bem, vai acompanhar Mr. Robert, por favor.
Ela dirigiu-se para ele, que lhe sorriu.
-Mr. Martin, vai acompanhar Mrs. Mary.
«Mrs.» pensei, enquanto o rapaz com ar de idiota se juntava à mulher loura «é casada… Também não admira, é podre de gira…»
-Mr. Russell e Mr. Russel vão acompanhar Mr. Robert.
Irmãos? Hum… passei os olhos pela sala, tentando descobrir quem tinha algumas semelhanças. Consegui encontrar algumas entra dois dos rapazes a quem dera pouca importância, mas eles permaneceram imóveis.
Em vez disso, consegui ver os dois primeiros rapazes para quem olhara dirigirem-se, juntos, para perto de Mr. Robert.
O quê?? OK, eram ambos podres de giros, mas daí a serem irmãos… Não que não se vissem semelhanças a nível do físico, mas parecia ser a única coisa que tinham em comum –Ou seja, o facto de ambos poderem estar na capa de um catálogo de roupa interior masculina…
-Miss Millen deve acompanhar Mrs. Mary.
A parola foi juntar-se ao idiota. Hum… Entre uma ricaça e os dois rapazes mais giros e uma parola com um idiota, acho que preferia a primeira.
-Miss Ellens deve fazer o mesmo.
A rapariga com ar de surfista dirigiu-se, imparcial, para o pé da bimba que lhe acenava, histérica.
-Miss Jenkins –Ui, era agora… -Deve dirigir-se para –Oh Meu Deus, eu juro que matava alguém se me obrigassem a ir para perto de Mrs. Mary –Perto de –ia ter um ataque! –Mr. Robert.
A mim pareceu-me que ele tinha dito aquilo como se anunciasse o vencedor do Jackpot, embora o tivesse pronunciado exactamente da mesma forma que das outras vezes.
Mordi o lábio para não gritar de felicidade, mas dirigi-me lentamente na direcção de Robet, que me sorriu, tal como fizera a todos os outros antes de mim.
Depois disso, não ouvi mais apelidos, mas vi que a rapariga com ar de sei-lá-o-quê viera para junto de nós, assim como a nerd e a que tinha cabelos em negros em cacho –o que obrigava a outra, de cabelo castanho e calções curtos fosse para o outro grupo (o que eu lamentei, e muito) assim como a pega e a Cheerleader.
Quanto a rapazes, ficámos com o nerd (até tinha um ar simpático!), um dos rapazes normais e o asiático, o que fazia com que as outras raparigas se tivessem de contentar com o outro normalzinho, o que até era giro e os outros dois feiosos –bem como o que tinha cara de gorila.
Podia chamar-lhe sorte, pois ficara com um grupo de rapazes relativamente bom, e tinha pelo menos uma pessoa normal por perto.
Peguei numa mala de mão e em Futsu –que entretanto adormecera… – E segui Robert.
Este abriu a porta e conduziu-nos a um corredor pequeno de mármore que ia dar a…
Oh Meu Santo Deus! (claro que eu não dizia aquilo em voz alta, nunca!) Encontrávamo-nos no perfeito Hall de Entrada dos meus sonhos.
O chão era de mármore macio, e viradas para a porta principal estavam duas grandes escadarias da mesma pedra, cobertas com um tapete macio de um tom azul claro, entre as quais se encontrava um gigantesco pilar onde estava embutida uma lareira.
Ao lado de cada escada estavam dois elevadores daqueles antigos, com uma seta que aponta para o andar em que está o elevador numa pequena figura.
Afinal, haviam mais andares do que inicialmente suspeitara –não para cima, mas antes para baixo. Havia um enorme complexo de subterrâneos, chegando a haver doze andares por baixo daquele em que nos encontrava-mos.
A ideia deu-me vertigens, imaginando em que andar estaria naquele momento se se desse o caso de apenas haverem andares para cima.
Estávamos no Décimo Terceiro.
Robert premiu o botão de subida e as enormes portas abriram, revelando um elevador espaçoso com sofás a toda a volta.
Pareceu ver a nossa surpresa com o facto, pelo que explicou:
-Se o elevador estiver muito cheio (a sua capacidade máxima é de cinquenta pessoas) ou se der o caso de estar um dia de tempestade (descargas eléctricas confundem o sistema) o elevador anda mais devagar, por razões de segurança. Nos piores dias, se forem mais de vinte pessoas, chegamos a demorar uma hora para chegar ao Patamar.
Depois disso, carregou o botão luminoso que dizia “quinze” a letras douradas, e senti-me ligeiramente zonza.
Ouviu-se uma suave “Musica de Elevador” durante poucos segundos, até esta ser interrompida com um suave “Ping” e as portas se abrirem.
O corredor era enorme, chegando a ter vinte metros e três.
Passámos, indiferentes, pelas primeiras portas, até chegarmos quase ao fim do corredor, onde ele nos indicou duas portas.
-O das raparigas –disse, fazendo sinal para a porta do lado direito, o lado da frente da casa –e o dos rapazes –apontou para o lado oposto.
Alguém abriu a porta, devagar, e ouviram-se ruídos de espanto lá dentro.
Fui a última a entrar, o que não reduziu o meu espanto.
Era um quarto jovial, com as paredes semi pintadas de laranja, um tom igual ao das cortinas que cobriam as duas janelas.
Haviam cinco camas grandes, de casal, redondas, com duas mesas de cabeceira do mesmo formato a ladearem-nas.
Entre cada duas camas havia um armário de casal, exceptuando naquela que se encontrava sozinha debaixo das janelas.
O chão era de uma madeira escura, calorosa, e no centro do quarto estava uma alcatifa grande, do mesmo tom de laranja que os lençóis da cama.
Era um sitio alegre, onde o branco do todo das paredes condizia com o brancoda das mesas de cabeceira, bases das camas e armários, enquanto o laranja da parte inferior das paredes estava presente nas cortinas, alcatifa e lençóis.
Do lado direito das janelas, estava uma outra porta de madeira.
Esta dava acesso a uma divisão espaçosa, embora ligeiramente mais pequena que o quarto, com paredes pintadas da mesma forma.
Na metade mais afastada de mim estavam duas TV’s, assim como seis ou sete Puffs, uma estante grande com alguns livros e uma secretária com um computador fixo.
Há frente dos televisores estavam também duas mesas, uma das quais estava cheia com revistas e alguns aperitivos, e outra com três computadores portáteis.
A outra metade da sala estava vazia.
-Gostam? –perguntou uma voz, fazendo-nos a todas dar um salto.
Uma mulher baixinha, de cabelos ruivos, estava atrás de nós.
Fui eu que o decorei, queria que fizesse o vosso género… Esta metade vazia seria para decorarem como quiserem!
Vendo que não reagíamos, ela acrescentou: -Sou Alicia, a vossa “monitora” –fez um gesto com os dedos, como se imitasse as aspas –Fui eu que decorei isto, não sabia o que é que iam achar…
-Está perfeito! –disse, entusiasticamente, a não-sei-das-quantas Swiss.
-É, fez um óptimo trabalho –complementei, sorrindo.
-Obrigada –ela retribuiu o meu sorriso com um outro, rasgado. –Maaas… Vocês têm de ir desfazer as malas, vão lá!
Tropeçando ligeiramente nos meus próprios pés, dirigi-me ao sitio onde deixara a minha mala, e arrastei-a para a cama ao lado da esquisitoide –odiava dormir perto das portas.
Swiss ocupou a cama debaixo das janelas, a rapariga dos cachos pretos ficou à minha frente e a desgraçadinha de óculos ficou na cama que sobrava.
Abri a minha mala em silêncio e comecei a desempacotar as coisas de mesa de cabeceira (como a minha moldura e outras ninharias do género) o meu livro (Estava a ler pela última vez e Tudo o Vento Levou) e o meu portátil, que atirei para cima da cama redonda.
E não era a única que estava a desempacotar as suas coisas.
Numa das mesas de cabeceira, via-se um livro grosso, um par de óculos e uma caixa pequena, de madeira.
Passei os olhos pela sala, observando as seguintes.
Uma escova de cabelo, um leitor de MP3 e uma pulseira. Um relógio prateado, com uma bracelete encarnada e pequenas pedras que se enrolavam em volta da mesma e um pequeno rímel. E…
Contive a respiração:
Um relógio em forma der caveira, uns horríveis brincos pretos e roxos emplumados e um poster de uma banda qualquer do género Punk.
«Não julgues um livro pela capa» ressoava-ma dentro da cabeça –naquele caso era difícil.
Desempacotei rapidamente as coisas de Futsu, enchi-lhe uma tigela com comida e estendi a sua manta ao lado da cama.
Depois, com roupa e tudo, enfie-me dentro da cama e adormeci.



____
Bjs,
Tina!

20/04/10

Capítulo 5

Pois, não foi á meia-noite nem perto, mas está aqui (e é Terça-Feira...)
Ah, e peço desculpa por não poder seguir o teu conselho, Sofia, porque isso implicava ter de ter sempre tudo pronto á mesma hora e poder estar cá sempre á mesma hora, e não consigo fazer isso xD
Aqui vai :P

Ao longe, distingui-a já o vulto de uma grande casa.
Há já duas horas que havíamos deixado a estrada principal para seguir por uma estrada secundária e mal alcatroada.
Dos meus lados, apenas conseguia distinguir erva alta, à luz fosca do amanhecer.
Devíamos estar no carro á horas.
Olhei para o relógio, presente no monitor do auto-rádio.
Cinco e vinte da manhã. Já andávamos à nove horas.
De qualquer forma, duvido que conseguisse ver mais do que erva se estivéssemos em pleno dia.
Não falara a viagem toda, absorta nos meus pensamentos infelizes ou meio a dormir, mas também duvidava do facto de receber uma resposta se falasse, pois a única coisa que me indicava que o condutor estava vivo era o facto estarmos a fazer as curvas. Não emitia qualquer som, assim como Futsu, que estivera anormalmente calado durante toda a viagem.
O homem não reclamara quando arrastara o cão para o meu lado, por isso achei que também não o faria se o tirasse da pequena bolsa onde se encontrava. Também não se importara –Ou talvez se tivesse importado, mas não disse nada, por isso…
Ao meu lado, Futsu remexeu-se, sentindo o carro abrandar.
Agora estávamos verdadeiramente perto da casa, que só agora revelava o seu verdadeiro tamanho.
O carro descreveu mais uma curva, andou mais meia dúzia de metros e parou, à frente do possante edifico.
O homem abriu a porta do carro, contornou-o e abriu a minha.
O ar frio bateu-me na cara, suavemente, espantando-me. Pensara que estava calor, mas afinal parecia que isso se devia inteiramente ao aquecedor, que estava no máximo.
Olhei, de alto a baixo, a majestosa casa.
Parecia ter três andares e era de uma pedra branca, granítica, com aspecto antigo.
No último andar, podiam contar-se dez janelas, apenas daquele lado da casa.
Era rectângula, sem mais adornos que aqueles que se encontravam no jardim mal iluminado, e a única coisa que a impedia de ser geométrica era a entrada, que formava um pequeno quadrado do lado direito e a chaminé fumegante, no telhado de um tom verde-escuro.
Ouvi um ligeiro arfar e virei instintivamente a cara, para ver o homem retirar duas malas pesadas de dentro do carro –e ia ficar-me mesmo muito mal limitar-me a olhar, pelo que corri para pegar na mala que restava dentro do carro, assim como a bolsa vazia de Futsu, que corria atrás de mim alegremente, farejando o chão de gravilha.
O homem –e já me estava a cansar de lhe chamar isto –pousou as malas que transportava no chão e correu para abrir a porta, que Futsu passou sem cerimonias, deixando-me sozinha à espera que me fizessem sinal.
O sinal não demorou, pois vi o braço anafado do homem indicar-me que entra-se, deixando-me mais admirada ainda quando observei a divisão onde me encontrava.
As paredes eram lisas e pintadas de um caloroso tom azul-mar, que condizia com as três poltronas brancas que se encontravam do meu lado direito e a mesa de madeira clara do lado esquerdo –pelo ar de tudo aquilo, deduzi que fosse como uma recepção de um hotel, e que durante o dia alguém estaria sentado na cadeira que se encontrava por detrás da mesa.
O motorista ia posar as malas de novo, no entanto eu antecipei-me, colocando a alça da bolsa no pulso e usando a mão, agora livre, para pegar no manipulo e puxar o mesmo para baixo. O homem baixinho sorriu-me, murmurando um «obrigado» quando lhe fiz sinal para passar.
A sala seguinte era semelhante à primeira, com paredes no mesmo tom e algumas poltronas iguais.
O chão era de mármore branco, e suportava algumas mesas de madeira azul clara, com algumas revistas em cima.
Um súbito embaraço atingiu-me quando percebi não estar sozinha na sala.
Estavam lá mais doze pessoas, algumas sentadas a ler nas poltronas, outras a ler no chão e ainda umas quantas encostadas à parede. Poucas conversavam.
Pronto, estava na hora das minhas primeiras impressões.
Cinco eram raparigas, e comecei por observá-las a elas.
A primeira ao alcance da minha vista envergava um vestido branco, ao estilo Vintage que dizia «Luís Vuiton” a um canto e uns sapatos caros do género sabrina.
O cabelo loiro estava esticado até chegar ligeiramente abaixo do peito –que prefiro não comentar – e os olhos mostravam terem sido colorados com uma ligeira sombra também ela branca. No braço direito tinha uma data de pulseiras que, quase que podia apostar, eram de prata.
Boa, a primeira era uma menina riquinha, daquelas snobes com as quais nunca me dei bem.
Passei os olhos em volta localizei a próxima rapariga.
Tinha o cabelo preto curto, com algumas madeixas roxas e uma sombra tão escura como o cabelo, um lápis fortemente marcado e uns lábios com duas variantes de cores, entre preto e rosa.
Não sei bem se estava a gozar ou se pensava realmente que em breve as meias de rede que envolviam quase toda a perna, as saias de pregas rosa e pretas, as camisolas com caveiras roxas e os piercings prateados em breve estariam na moda.
Também não me dava bem com pessoas daquele género, menos uma.
A seguinte, que extraordinariamente parecia falar com ela, tinha cabelos loiros em cacho até aos ombros, um vestidinho verde e um gancho com uma grande flor no cabelo.
A cara era redonda e corada.
Primeiro facto: odiava aquele tipo de parolas. Segundo facto: Só podia ser ainda mais parvinha se estava a falar com a outra armada em sei-lá-o-quê.
A seguinte, sentada no chão a ler a Vogue tinha um aspecto comum, com cabelos castanhos a cair sobre a revista, uns calções simples e um top azul escuro.
Tinha, enfiadas nos pés, umas sandálias.
Em contraste com as outras, pareceria normal, embora não fosse normal ver alguém de sandálias e calções naquilo que deveria ser uma cerimónia importante.
E a última era… Bem, podemos dizer, em linguagem de adolescente estúpido, era uma boazona.
Tinha curvas acentuadas, a pela bronzeada exactamente ao nível certo e os cabelos loiros compridos.
Parecia uma daquelas surfistas profissionais que se vêem em grandes eventos de Surf, onde não se podem levar rapazes.
Agora, entre os rapazes…
A maioria não chamava a atenção, eram sete, mas apenas reparei em três.
O primeiro tinha cabelo loiro, uns abdominais de meter medo em relevo por debaixo do top e cara de morrer, o verdadeiro rapaz perfeito, também bronzeado, e que o mais provável seria atirar-se à Surfista.
Parecia indiferente ao facto de todas as raparigas já terem olhado para ele, e algumas continuassem a fazê-lo. A menina rica parecia ter os olhos colados ao seu rabo.
O segundo, que falava com ele em voz baixa, tinha cabelo preto curto, uma musculação aceitável e um ar simpático –OK, era me-e-e-esmo giro.
E o terceiro, sentado a um canto, não me chamou a atenção por ser deslumbrante, mas por ter ar de nerd.
Era magro e vestia uma camisinha, correctamente enfiada para dentro das calças que lhe chegavam ao umbigo.
Quase que tinha pena dele por ter de usar aqueles óculos redondos.
O resto dos rapazes na sala não era nada mais do que aquilo que resumo em poucas palavras: Um de origem asiática, nem era muito feio, dois rapazes normais (ou seja, daqueles que se olha para eles e se mete conversa apenas para conversar) e um mesmo feioso.
Quando entrei, todos os olhares se desviaram na minha direcção, parecendo avaliar-me assim como eu fizera com eles.
O rapaz giro olhou-me, e murmurou qualquer coisa ao outro que se riu e me olhou também –Não me parecia que estivessem a dizer algo muito mau.
O nerd sorriu-me, sorriso que retribuí e um dos outros rapazes assobiou. Não consegui perceber de que lado tinha vindo o barulho.
Não ouve mais nenhuma reacção, por isso limitei-me a pousar as malas junto a todas as outras, encostando-as a uma parede.
No entanto, não consegui passar assim tão despercebida quando Futsu entrou.
Correu loucamente pela sala adentro, farejando tudo o que se lhe metia à frente do nariz, lambendo dedos e recebendo festas e risos por todo o lado, no entanto, quando correu para o meu colo, todos os ruídos cessaram e os olhares pareceram fixar-se em mim, curiosos.
-Pois, se eu soubesse que os podia-mos trazer… -murmurou a miudinha parola para a rapariga das madeixas. Esta não esteve com meias conversas, revirou os olhos como quem dizia que não estava com paciência e afastou-se, pegando numa da várias revistas.
Sentei-me, encostada a uma das grandes malas que ali estavam e deixei Futsu sair dos meus braços, para voltar a andar à volta da sala.
Entretanto, as horas foram-se seguindo, infinitas, umas atrás das outras, até que a luz mais forte foi surgindo lá fora.
E foram entrando, até às dez da manhã, os restantes sete alunos.
Um rapaz de cabelo rapado e ar ligeiramente idiota, um outro horrível e um mais girinho.
Das raparigas, entrou outra normal, de cabelos pretos aos caracóis, uma nerd (como era inevitável que acontecesse), outra que parecia uma Cheerleader e a seguinte uma miúda daquelas parvinhas, que fuma uns charros nas festas porque acho que dá estilo e dorme com todos os rapazes da equipa de Basquetebol –Ou seja, uma pega.
O meu telemóvel apitou, dando-me sinal de que eram dez da manhã, e ouviram-se passos no corredor.
Não tardou muito a porta rangeu, e um homem velho, mirrado, entrou, sorridente.


___
Bjs,
Tina!

12/04/10

Capitulo 4

Novamente, ainda não é 3ª, mas tenho medo de não conseguir publicar amanhã, então aqui vai:


Por meros segundos, aqueles diminutos segundinhos da minha vida, tentei ignorar o toque intermitente do Telemóvel.
No entanto, o relógio era claro: Sete da tarde, não podia fugir mais.
Levantei-me das velhas cadeiras de madeira do café, com uma lágrima no canto do olho, esforçando-me por não chorar, por não guardar como última memória do “meu grupo” uma imagem enevoada e confusa.
Mas não adiantava suprimir, não adiantava mesmo nada, pois Jennifer já se desfizera num prato interminável.
-Não… N… Não vás! –pediu-me, entre soluços.
Apetecia-me berrar. “Não Vás”!?! Isso era exactamente o que eu queria fazer, queria sentar o rabo naquelas cadeiras e não me mexer até começarem as minhas aborrecidas (as normais) aulas de Décimo Primeiro ano, em Ciências.
Apesar daquilo que me corria na mente, não pude responder-lhe mais do que um simples «Também não queria, mas tem de ser…». Tinha de evitar magoar a minha melhor amiga no dia da nossa despedida.
Matt aproximou-se de mim, limpou-me a lágrima solitária que já me corria pela bochecha e abraçou-me.
-Não ligues –murmurou-me, risonho –Em breve estás de volta.
Fiz um esforço por lhe sorrir também, embora apenas me tenha saído uma amostra nojenta daquilo que costumava ser o meu antigo sorriso.
Aquela era a cara que sempre lembraria associada ao desporto, à boa-disposição, à alegria é ao positivismo, embora fosse também a cara do meu ex-namorado, não via nada disso nela. Aliás, as personalidades eram tão diferentes que quase não me lembrava de que eram gémeos.
Teresa veio em seguida, com um sorriso triste nos lábios.
-Não te esqueças de nós –disse-me –Mas não te impeça de arranjar mais alguém. Tenho a certeza de que serás feliz ali, e quando voltares, tens-nos aqui, assim como nos deixas-te…
-Só que mais parvos e mais bêbedos –riu-se Griff ainda sentado na mesa.
Teresa tremeu de raiva.
-Não, assim como nos deixas-te
Sorri-lhe também, embora as lágrimas já escorressem abundantemente pela minha cara, e ainda me consegui arrancar um riso débil para Griff.
Ele levantou-se também e veio ter comigo.
-Então miúda, não fiques assim. Sabes que vamos estar sempre aqui, e podes sempre mandar uma SMS, a não ser que queiras falar com a Meg, sabes que essa nunca tem bateria… Mas pronto, estamos quase (quase) todos a um SMS de distância.
Meg sorriu-me.
-Já disse que é um problema na bateria! –exclamou, e depois virou-se para mim –Mas não interessa, arranjo-a rápido, só para ti!
O seu sorriso de cabeça-de-vento fez-me desatar a chorar, sentando-me na minha cadeira.
Ela aproximou-se de mim, colocando-me a mão no ombro.
-Não, desta vez é a sério, eu arranjo-a mesmo! –insistiu, com voz consternada.
-Não é a mesma coisa –respondi-lhe –Com nenhum de vocês! Eu quero estar aqui quando se puserem a discutir, quero estar aqui quando forem à praia e a Teresa se vá embora chateada, quero estar aqui nos jantares de aniversário que fizerem na Pizzaria e quero estar aqui quando o Griff se puser a deitar coca-cola pelo nariz! Eu vou ter saudades de tudo, t-u-d-o!
-Eu sei que sim –murmurou ela, tristemente –Também quero que cá estejas, mas não podemos fazer nada. E agora está na altura de levantares a cabeça para o que vem a seguir, porque embora não possas estar cá, sabes que nós cá estamos, e que poderás contar connosco.
-E –acrescentou Griff –Se o problema for veres-me a deitar bebidas pelo nariz, eu posso filmar!
-Eu acho que ela dispensa –Afirmou Teresa, torcendo o nariz.
-Não. –respondi –Eu quero estar cá sempre, custe o que custar (mas pelo menos nomeia o vídeo, para eu não ter de abrir.)
Levantei-me, forçosamente e despedi-me de todos, um por um.
Jennifer ficou para o fim, correndo até mim e dando-me um demorado abraço.
-Eu não te esqueço, prometo. –sussurrou.
-Eu sei –respondi –Nem eu a ti.


Estava à porta de casa, com as minhas malas indispensáveis, quando um grande carro preto chegou.
Não seria necessário referir que era enorme, com a maior bagageira que já vira e um formato antiquado. Não apresentava marca, mas sim uma pequena assinatura no lado direito do capo, que não consegui ler.
Um condutor de aspecto simpático saiu de lá de dentro, completamente diferente daquilo que seria de imaginar para alguém que conduzisse aquele tipo de carro.
Era baixo e semi-calvo, com apenas alguns cabelos castanhos a coroar-lhe a cabeça redonda. Tinha um ar alegre e umas bochechas rosadas.
Cumprimentou-me a mim e à minha mãe. Abriu a bagageira e ajudou-nos a guardar seguramente as malas.
Depois disso abriu-me a porta do banco de trás.
Dei um abraço demorado à minha mãe e um beijo sentido ao meu pai, peguei no meu cãozinho e respirei fundo –assim que ali entrasse estava a entrar para a minha nova vida, e não podia voltar atrás.
Mergulhei, assim, no grande carro, sentando-me no primeiro dos três bancos largos que se sucediam paralelamente.
O motorista entrou também, colocou o cinto e preparou-se para começar a grande viagem.
Vi as casas sucederem-se lentamente, e ainda consegui ver os meus amigos no café, a consolarem-se e a falarem tristemente.
Acenei-lhes, mas eles não repararam em mim, devido ao carro demasiado grande para poder ser-me associado e aos vidros escuros das janelas.
À saída da cidade, senti o carro acelerar, e apenas consegui ter um vislumbre da cidade que deixara –Assim como à minha antiga vida.



_____
Bjs,
Tina!

05/04/10

Capitulo 3

OK, tecnicamente ainda não passa da meia-noite, mas é quase Terça-Feira, então aqui vai:


Acordei, estremunhada, com a minha mãe aos berros.
-Allison Jenkins, levanta-te imediatamente! Vais para lá amanhã e ainda não tens nem uma mala pronta!
«Amanhã…» Ressoava na minha cabeça, desesperadamente. Queria ficar doente, que aquilo fosse abaixo ou até partir uma perna. Tudo menos ir.
Mas de que me servia desejar aquilo tudo? Não valia a pena dar-me ao trabalho de desejar que algo de terrível me impedisse de ir, porque isso não ia acontecer.
-Sim mãe…
Levantei-me da cama macia, deslizando pela borda e caminhei vagarosamente até ao armário de madeira escura, que era meu desde que me lembrava.
Atirei toda a roupa que queria levar para um canto, e deixei o resto –essencialmente vestidos bimbos de casamentos e baptizados –no armário, acabando por conseguir encher a minha maior mala com ela, assim como outra mais pequena.
De resto, seleccionei os essenciais produtos de higiene, assim como as coisas de Futsu, que me decidira a levar –Era um Beagle pequenino, não dava assim tanto trabalho -, outros produtos e coisas de que poderia precisar e uma mala pequena com aparelhos electrónicos. Para além disso, enviariam depois a minha guitarra.
E enchi ainda uma mala mais pequenina com coisas pessoais carregadas de boas memórias: A moldura que me tinham oferecido aos três anos, que dizia “Allison” em letras grandes e cor de rosa, um colar que a minha Tia me trouxera do Brasil e pelo qual me tinha apaixonado, um pequeno espelho de bolso, cravejado com pedras Semi-preciosas que a minha avó me tinha deixado antes de morrer, uma pedra grande e redonda com um coração gravado (oferecido pelo meu Ex-Namorado que tinha ido estudar para Inglaterra… Deixara-me a chorar por dias a fio, e acreditem que não é fácil) e outras coisas do género –Ou seja, inúteis mas cheias de valor sentimental.
E era só, uma mala muito grande, três pequenas e uma de mão, o que para mim não me soava a muito, e até deixava um certo vazio.
Mas pronto, ignorava-se.
E passei o resto do dia nisto, a escolher coisas para levar, a verificar se já as tinha posto ou a discutir com a minha mãe sobre a verdadeira utilidade das coisas, mas no fim optámos por levar imediatamente três malas pequenas e uma de mão, e depois mandavam-me a grande e outra com coisas que não tinha achado tão essenciais ou me tinha esquecido.
Deitei-me estafada e triste, num estado de depressão tremendo. Não me admirava muito se entrasse em depressão naquele preciso momento, a minha cabeça estava em água com tanta coisa e eu completamente desfeita com tudo aquilo.
Tinha combinado com alguns amigos meus encontraram-me no café habitual com eles, às seis, duas horas antes de partir, mas sabia que isso não ia ser suficiente para matar as saudades que me iriam arrasar.
E por fim, adormeci a pensar nas pessoas que iria conhecer, nas aulas que iria ter e que novas portas se me iriam abrir… Descobri mais tarde que não eram bem as que imaginara…

Era meio-dia.
Acordava sempre àquelas horas no Verão, não tinha paciência para acordar cedo e passar o dia cheia de sono, então…
Escorreguei da cama e esfreguei os olhos. Era “O Grande Dia”, como diziam os meus pais, e eu tinha de estar psicologicamente preparada para o futuro horrível que me esperava, por isso corri pelas escadas abaixo até à cozinha, onde me pus a preparar as minhas habituais torradas matinais.
Peguei em duas fatias de pão e coloquei-as na torradeira, enchi um copo com sumo de Maçã e peguei no frasco de doce caseiro da minha tia, observando a tampa adornada com renda e as palavras gravadas sobre o que restava da etiqueta original do frasco: “Lar Doce Lar”.
Sim, sempre achara o nome foleiro, mas naquele momento, juntamente com o cheiro doce dos morangos, fazia-me lembrar tudo aquilo de que iria ter saudades, incluindo aquele doce que comia quase todas as manhãs.
Um estalo por detrás de mim indicou-me que as torradas estavam prontas.
Corri a ir buscá-las, peguei num prato e peguei numa, com cuidado –Embora não o suficiente. Senti uma dor aguda no dedo e larguei a torrada, que caiu ao chão, onde foi rapidamente abocanhada por Bells, que devia ter andado à espreita.
-Fogo! –berrei, sacudindo a mão. Olhei para a ponta do dedo, que encostara à superfície escaldante da torradeira, e que apresentava agora uma vermelhidão horrível e corri até ao lavatório, onde a coloquei debaixo de água gelada.
Enquanto praguejava baixinho e mordia o lábio, uns passos quase inaudíveis passaram pela porta ligeiramente aberta na minha direcção, e o meu cachorrinho minúsculo entrou no meu campo de visão, sentando-se pacientemente ao meu lado com um ar confuso e a cabecinha ligeiramente inclinada.
Tirei o dedo de debaixo da água corrente e baixei-me, afagando-lhe a mancha castanha à volta do olho esquerdo.
-Pois… -suspirei –Isto não deve ser bom agoiro… Pelo menos tu vens comigo, a ti não me podem tirar… Peço desculpa, não queria que tivesses de ir também, para viver naquela tortura, mas acho que sem ti não sobrevivia.
Ele lambeu um dos meus dedos avidamente e esfregou-se na minha mão, não parecendo importar-se com aquilo que lhe tinha dito. Penso que ele também não sobreviveria sem mim.
-Mas pronto, tenho de acabar o pequeno almoço e vestir-me. Acaba-mos mais umas coisas e depois vamos para o café, e duas horas depois disso, vamos partir para a nossa infeliz tragédia.
Em resposta, o meu cão terminou de lamber os meus dedos e correu para o sitio onde a minha torrada caíra, lambendo as migalhas restantes.




______
Bjs,
Tina!