Bem Vindo/a!


Bem Vindo/a!
Tenho três coisinhas para lhe dizer:
Primeiro: Este Blog pode ter conteudo impróprio para menores de 16 anos, por isso, se não tens esta idade avança por tua própria conta e risco, eu não me responsabilizo!
Ah, e também queria pedir um favorzinho:
*Comente os textos, por favor, quer seja com criticas positivas quer seja com criticas negativas.*
E por fim, uma informaçaõ (semi) publicitária:
Mais informações? Aqui!
;*

05/04/10

Capitulo 3

OK, tecnicamente ainda não passa da meia-noite, mas é quase Terça-Feira, então aqui vai:


Acordei, estremunhada, com a minha mãe aos berros.
-Allison Jenkins, levanta-te imediatamente! Vais para lá amanhã e ainda não tens nem uma mala pronta!
«Amanhã…» Ressoava na minha cabeça, desesperadamente. Queria ficar doente, que aquilo fosse abaixo ou até partir uma perna. Tudo menos ir.
Mas de que me servia desejar aquilo tudo? Não valia a pena dar-me ao trabalho de desejar que algo de terrível me impedisse de ir, porque isso não ia acontecer.
-Sim mãe…
Levantei-me da cama macia, deslizando pela borda e caminhei vagarosamente até ao armário de madeira escura, que era meu desde que me lembrava.
Atirei toda a roupa que queria levar para um canto, e deixei o resto –essencialmente vestidos bimbos de casamentos e baptizados –no armário, acabando por conseguir encher a minha maior mala com ela, assim como outra mais pequena.
De resto, seleccionei os essenciais produtos de higiene, assim como as coisas de Futsu, que me decidira a levar –Era um Beagle pequenino, não dava assim tanto trabalho -, outros produtos e coisas de que poderia precisar e uma mala pequena com aparelhos electrónicos. Para além disso, enviariam depois a minha guitarra.
E enchi ainda uma mala mais pequenina com coisas pessoais carregadas de boas memórias: A moldura que me tinham oferecido aos três anos, que dizia “Allison” em letras grandes e cor de rosa, um colar que a minha Tia me trouxera do Brasil e pelo qual me tinha apaixonado, um pequeno espelho de bolso, cravejado com pedras Semi-preciosas que a minha avó me tinha deixado antes de morrer, uma pedra grande e redonda com um coração gravado (oferecido pelo meu Ex-Namorado que tinha ido estudar para Inglaterra… Deixara-me a chorar por dias a fio, e acreditem que não é fácil) e outras coisas do género –Ou seja, inúteis mas cheias de valor sentimental.
E era só, uma mala muito grande, três pequenas e uma de mão, o que para mim não me soava a muito, e até deixava um certo vazio.
Mas pronto, ignorava-se.
E passei o resto do dia nisto, a escolher coisas para levar, a verificar se já as tinha posto ou a discutir com a minha mãe sobre a verdadeira utilidade das coisas, mas no fim optámos por levar imediatamente três malas pequenas e uma de mão, e depois mandavam-me a grande e outra com coisas que não tinha achado tão essenciais ou me tinha esquecido.
Deitei-me estafada e triste, num estado de depressão tremendo. Não me admirava muito se entrasse em depressão naquele preciso momento, a minha cabeça estava em água com tanta coisa e eu completamente desfeita com tudo aquilo.
Tinha combinado com alguns amigos meus encontraram-me no café habitual com eles, às seis, duas horas antes de partir, mas sabia que isso não ia ser suficiente para matar as saudades que me iriam arrasar.
E por fim, adormeci a pensar nas pessoas que iria conhecer, nas aulas que iria ter e que novas portas se me iriam abrir… Descobri mais tarde que não eram bem as que imaginara…

Era meio-dia.
Acordava sempre àquelas horas no Verão, não tinha paciência para acordar cedo e passar o dia cheia de sono, então…
Escorreguei da cama e esfreguei os olhos. Era “O Grande Dia”, como diziam os meus pais, e eu tinha de estar psicologicamente preparada para o futuro horrível que me esperava, por isso corri pelas escadas abaixo até à cozinha, onde me pus a preparar as minhas habituais torradas matinais.
Peguei em duas fatias de pão e coloquei-as na torradeira, enchi um copo com sumo de Maçã e peguei no frasco de doce caseiro da minha tia, observando a tampa adornada com renda e as palavras gravadas sobre o que restava da etiqueta original do frasco: “Lar Doce Lar”.
Sim, sempre achara o nome foleiro, mas naquele momento, juntamente com o cheiro doce dos morangos, fazia-me lembrar tudo aquilo de que iria ter saudades, incluindo aquele doce que comia quase todas as manhãs.
Um estalo por detrás de mim indicou-me que as torradas estavam prontas.
Corri a ir buscá-las, peguei num prato e peguei numa, com cuidado –Embora não o suficiente. Senti uma dor aguda no dedo e larguei a torrada, que caiu ao chão, onde foi rapidamente abocanhada por Bells, que devia ter andado à espreita.
-Fogo! –berrei, sacudindo a mão. Olhei para a ponta do dedo, que encostara à superfície escaldante da torradeira, e que apresentava agora uma vermelhidão horrível e corri até ao lavatório, onde a coloquei debaixo de água gelada.
Enquanto praguejava baixinho e mordia o lábio, uns passos quase inaudíveis passaram pela porta ligeiramente aberta na minha direcção, e o meu cachorrinho minúsculo entrou no meu campo de visão, sentando-se pacientemente ao meu lado com um ar confuso e a cabecinha ligeiramente inclinada.
Tirei o dedo de debaixo da água corrente e baixei-me, afagando-lhe a mancha castanha à volta do olho esquerdo.
-Pois… -suspirei –Isto não deve ser bom agoiro… Pelo menos tu vens comigo, a ti não me podem tirar… Peço desculpa, não queria que tivesses de ir também, para viver naquela tortura, mas acho que sem ti não sobrevivia.
Ele lambeu um dos meus dedos avidamente e esfregou-se na minha mão, não parecendo importar-se com aquilo que lhe tinha dito. Penso que ele também não sobreviveria sem mim.
-Mas pronto, tenho de acabar o pequeno almoço e vestir-me. Acaba-mos mais umas coisas e depois vamos para o café, e duas horas depois disso, vamos partir para a nossa infeliz tragédia.
Em resposta, o meu cão terminou de lamber os meus dedos e correu para o sitio onde a minha torrada caíra, lambendo as migalhas restantes.




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Bjs,
Tina!

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